Danos na córnea, inflamação e chances de reversão: o que os exames no HC revelam sobre os pacientes que ficaram cegos em mutirão de catarata

  • 11/02/2025
(Foto: Reprodução)
Seis pacientes passaram por exames nesta terça-feira (11) para investigar causas das lesões. Grupo Santa Casa de Franca, que gerencia o AME de Taquaritinga, local das cirurgias, admite erro nos protocolos. Pacientes que ficaram cegos após mutirão de cataratas passam por avaliação no HC Seis pacientes que ficaram cegos após um mutirão de cirurgias de catarata no Ambulatório de Especialidades Médicas (AME) de Taquaritinga (SP) passaram por avaliação médica no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto nesta terça-feira (11). O objetivo dos exames foi identificar as causas das lesões e avaliar em quais casos há possibilidade de reversão do quadro. Os exames complementares seguem nesta quarta-feira (12) com outros seis pacientes que apresentaram as mesmas complicações. De acordo com o oftalmologista André Messias, responsável pela avaliação dos pacientes no HC, os primeiros exames confirmaram danos graves na superfície ocular, na córnea e na câmara anterior do olho, o que pode comprometer o retorno da visão. "Os pacientes estão em tratamento há três meses. Muitos ainda apresentam dor e visão reduzida. Os exames realizados vão indicar se é possível alguma intervenção futura para melhorar o conforto e tentar recuperar parte da visão", explicou Messias. Entre os exames realizados estão tomografia de coerência óptica, ultrassom ocular e eletroretinograma, que avalia a funcionalidade da retina. "Antes de qualquer transplante ou cirurgia, precisamos verificar se os olhos têm condições de aproveitar uma eventual melhora na transparência ocular", destacou. Ao todo, 23 pessoas foram operadas em outubro de 2024, sendo que 12 delas relataram complicações que levaram à perda parcial ou total da visão. O grupo Santa Casa de Franca, Organização Social (OS) responsável pela gestão da unidade, admitiu que houve erro nos protocolos de preparo cirúrgico, mas não detalhou qual foi o problema. O delegado de Taquaritinga, Claudemir Pereira da Silva, abriu inquérito e solicitou à Justiça acesso aos prontuários dos pacientes e ao relatório da sindicância interna conduzida pela Santa Casa de Franca. Pacientes que tiveram a visão comprometida no AME de Taquaritinga passam por exames no HC de Ribeirão Reprodução/EPTV LEIA MAIS O que se sabe sobre o caso dos 12 pacientes que perderam a visão após mutirão de cirurgia de catarata no interior de SP MP vai investigar caso de pacientes que ficaram cegos após mutirão de catarata no interior de SP 'Minha vida parou', 'perdi o trabalho', 'me sinto inútil': pacientes que perderam visão em mutirão de cirurgia de catarata relatam desespero O que pode ser feito a partir de agora? De acordo com o médico, a primeira medida a ser adotada é controlar a reação inflamatória no olho dos pacientes, para proporcionar maior conforto e redução da dor. A avaliação de formas de melhorar a transparência da córnea é um dos passos fundamentais para recuperar parte da visão. "Essa é a nossa esperança. Para isso, precisamos entender como está o funcionamento da retina e do nervo óptico. É por isso que estamos realizando diversos exames, para verificar se há possibilidades de melhora da visão no futuro", diz. Dona Josefá e seu Mauri foram pacientes que perderam a visão após mutirão de catarata no AME de Taquaritinga Reprodução/Acervo Pessoal Messias, explica, ainda que a uma visão completa depende da integridade de todas as estruturas do olho, além da transparência das estruturas ópticas, capazes de focar as imagens na retina. Essa estrutura precisa estar preservada para garantir a visão. Além da recuperação da visão, é importante a redução do desconforto, já que os nervos óticos são um dos mais sensíveis do corpo. "A córnea é a estrutura do olho com maior inervação sensitiva, o que explica a dor e a sensação de corpo estranho que os pacientes relatam. Nosso foco imediato é minimizar esse desconforto". Erro nos protocolos e apuração O grupo Santa Casa de Franca admitiu falha nos protocolos do mutirão de catarata, alegando "troca no protocolo assistencial, especificamente no preparo cirúrgico" como a causa do problema. A OS não explicou como seria o protocolo correto e o que foi feito de forma errada. A entidade lamentou o ocorrido e classificou o caso como um "fato isolado". O mutirão foi suspenso e a equipe médica que participou das cirurgias foi afastada. A Secretaria de Estado da Saúde, o Ministério Público e a Polícia Civil investigam o caso. A previsão é que um laudo com conclusão sobre o caso seja divulgado pelo governo estadual em até duas semanas. A salgadeira Maria de Fátima Garcia Chiari ficou cega do olho direito após passar por cirurgia de catarata no AME de Taquaritinga, SP Valdinei Malaguti/EPTV Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão e Franca Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2025/02/11/danos-na-cornea-inflamacao-e-chances-de-reversao-o-que-os-exames-no-hc-revelam-sobre-os-pacientes-que-ficaram-cegos-em-mutirao-de-catarata.ghtml


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